9.21.2016

Contra Golpe

Bem vindos ao mundo
caros inventores de furacões
que voam nas asas do vento
a visitar cidades,
mesmo que apenas em sonhos.

Sem descanso as palavras
seguirão em frente
ladeadas de verdades.

Haverá luta, desordem
e versos abundantes
no mar revolto
que os poemas trazem.

8.23.2016

BRINDEMOS

Um poema feito para brinde
Como quem descobre lágrimas
No meio da sala vazia
E canta canção em tom menor
Só para se sentir acompanhado.

Um poema feito para brinde
Como sorrir perante um sorriso
E aproveitar o momento
Para dançar naqueles olhos
De menina avoada que se bate em tudo.

Um poema feito para brinde
Como o arrepio na ponta dos pés
Que acorda descalço diariamente
Distante do chinelo que teima no outo lado cama.

Um brinde feito para poema
Para não esquecer as paisagens do dia
Mesmo que seja apenas noite clara.




2.24.2016

ALÉM

Calado, arrebento mais
que a cigarra tentaria
se não precisasse, todo dia,
rever o inevitável
bem lá do começo,
com a vida passando pela tela
pelos olhos
pelas janelas do centro da cidade,
onde evita-se o silêncio
se não passa fome ou frio
ou fica na vontade do cigarro
em plena madrugada
sem que os porteiros da avenida repartam
as bitucas queimadas até o filtro
que amarela os dedos
e cala arrebentando tudo
desde a carcaça transparente
até a minha cara, dando vivas
a loucura explosiva que é cantar
feito grilo, mesmo quando se é

nada. Além. Cigarra.

6.25.2014

DISFARCE

Se te escrevesse uma carta
seria cheia de letras miúdas
para explicar, no fim da página,
cada detalhe do que virá,
do que sonho entre o cobrir e o descobrir da madrugada,
quando o revesamento do frio-calor
é alimentado pelo desejo e pelo ventilador
na velocidade mínima de expor o vento.

Um bando de coisinhas ditas
numa carta disfarçada de poema,
de trevo de quatro folhas,
de um imenso sexteto a tocar jazz
ou algo mais soul para te beijar
entre meus braços,
entre uma corrida e outra,
entre o trabalho e o limpar as bobagens do cachorro
bem ali no canto da sala.

Na verdade seria um rock tocando na cabeça
no meio da carta
com olhos de verão e coragem.
Esse poema sem disfarce ou revisão (ou lido uma segunda vez)
com letras miúdas no fim da página
que termina com beijo e desejo de bom dia.

1.30.2014

Quando chegarem
Sem conhecer o chão que pisam
Ou aquele pedaço
Onde a cidade apenas estremece
Hão de achar barreiras,
Barris e barricadas.

Para sua própria defesa,
Meu caro,
Conheça e use a palavra.
Há muito abandono escroto
Que só a poesia salva.